22 de ago. de 2008

LMF - FEB - Conquista de Montese

Força Expedicionária Brasileira (FEB)


A Conquista de Montese


O 3º Pelotão da 2ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria, ocupava, desde 10 de março de 1945, a posição defensiva da Região de Biccochi, Cota 930, quando, às 5h do dia 12 de abril, recebeu ordem, por via telefônica, para organizar uma patrulha de reconhecimento, que, sob o comando de um sargento, teria por missão reconhecer a elevação de Montaurigula e, caso não encontrasse resistência,
chegar até Montese.A patrulha, fortemente armada, com 21 homens, sendo três especialistas em minas,
partiu às 9h da sua posição de combate (Biccochi), alcançando Montaurigula sem resistência. Galgou essa elevação e progrediu na encosta sul, rumo geral leste-oeste. Após atingir a metade da elevação, que possuía a forma de uma colina alongada, encontrou um campo de minas antipessoal; o esclarecedor da patrulha já havia caminhado alguns passos dentro do campo, quando percebeu, por sorte e felicidade, as minas, pois algumas achavam-se expostas. Passou, então, a atuar a equipe de minas, retirando 82 minas antipessoal. "Na jomada de ontem, só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações; com o brilho de seu feito e seu espírito ofensivo, a Divisão Brasileira está em condições de ensinar às outras como se conquista uma cidade".

Gen Crittenberger - Cmt IV Corpo de Exército


Após cerca de 2 horas de espera, a patrulha transpôs o campo minado, prosseguindo na missão.


Montese: ontem e hoje


O moral da tropa atacante era alto; havia gana por parte de alguns soldados, o que levou o comandante do pelotão a conter aqueles que se expunham inutilmente. Quando o comandante do pelotão realizava os reconhecimentos para assaltar algumas casas "suspeitas" no flanco direito do inimigo, recebeu ordem do comandante da companhia para se desengajar e afastar-se das casas, posto que o Batalhão iria bombardear as resistências inimigas com morteiros 81mm, visando facilitar a conquista do objetivo. Ao ultimar o reconhecimento de outro flanco, o comandante da patrulha recebeu ordem para retrair, porque a Artilharia Divisionária iria atirar na região e a patrulha já havia ultrapassado, em muito, o tempo programado. FASES DO ATAQUE A MONTESE - A conquista da cidade de Montese, que era a missão principal da 2ª Companhia, foi planejada para ser realizada em duas fases bem distintas :

1ª Fase: Missão secundária, às 9h - ataque com dois pelotões a dois postos avançados do inimigo.

2ª Fase: Missão principal, às 12h - ataque à cidade de Montese, também com dois pelotões.


Campo minado em Montese

Na hora prevista, para a 1ª fase, os dois pelotões atacaram seus objetivos. O primeiro teve, inicialmente, o seu avanço prejudicado pela reação do inimigo, que conseguiu mantê­lo à distância, pelos fogos. Assim, só conquistou o objetivo algumas horas depois.











Conquista de Montese - II Guerra Mundial - Tela de A. Martins

O 2º Pelotão ficou detido em frente a um campo minado, batido por fogos da Infantaria. Nessa oportunidade, seu bravo comandante foi mortalmente ferido com um tiro na cabeça. Esse pelotão sofreu mais baixas e não atingiu o objetivo.

Às 11:45h, o comandante da companhia confirmou a "hora H" do ataque principal como sendo a prevista - 12h.

Na hora aprazada, o pelotão do 1º escalão transpôs, em linha, a crista, sob o espocar de foguetes de estrelas vermelhas, anunciando o ataque. A tropa ultrapassou os pontos mais elevados com grande rapidez, apesar do terreno íngreme. Após o pelotão ter vencido um terço do percurso, sua retaguarda foi batida por densa e compacta barragem de artilharia, que cortou o fio telefônico em vários pontos e colocou fora de combate um soldado da equipe de minas e outro de Saúde.
O grupo ponta, após pequeno deslocamento, parou e assinalou a existência de minas. O comandante do pelotão, ao chegar ao ponto assinalado pelo sargento, constatou, com satisfação, que não se tratava de um campo minado e sim de armadilhas, feitas com fios de arame ligados a minas antipessoal.
Ao chegar ao topo das elevações de Montese, o pelotão tinha perdido o contato com a companhia; o telefone não funcionava por terem os cabos sido rompidos pelos tiros da artilharia inimiga; o rádio deixou de captar e transmitir mensagens, por causa da distância e ondulações do terreno.
O segundo grupo empregado teve o seu avanço sustado por fogos vindos do flanco direito, tendo de permeio um terreno limpo.
Quando se preparava para tomar o dispositivo de assalto, foi surpreendido por inesperado e denso bombardeio da nossa Artilharia, que o envolveu e ao inimigo.
Em seguida, atingiu as posições inimigas, quando não havia ainda se dissipado a fumaça das granadas. Os alemães permaneciam no fundo de seus abrigos, e já os nossos ultrapassavam suas posições, perfeitamente camufladas. Os alemães tentaram, então, reagir, mas foram postos fora de combate.
Rompidas as defesas, os grupos foram levados para a frente e empregados na consolidação da posição conquistada e nos ataques aos flancos inimigos.
O 2° Grupo de Combate, logo após juntar-se ao 1°, foi empregado para dominar resistências que hostilizavam nosso flanco direito. Postado em situação
favorável e atirando de curta distância sobre um abrigo onde havia sido localizada uma metralhadora inimiga, fez com que os seus ocupantes levantassem um lenço, para logo em seguida se entregarem e as resistências silenciarem.
Depois de demorada luta, em que se conquistou o terreno palmo a palmo, conseguiu-se, no final do dia, dominar as resistências inimigas, fazendo-as retrair após sofrerem algumas baixas.
Ao cair da noite de 14 de abril, estavam dominadas as encostas sudoeste da cidade e quebrada a capacidade defensiva da infantaria alemã, que, desnorteada, abandonou suas posições, deixando no campo de luta alguns mortos e oito prisioneiros. Do nosso lado, houve quatro baixas, sendo um morto e três feridos.
Na noite de 14 para 15 de abril, Montese, não obstante encontrar-se sob domínio das tropas brasileiras, abrigava ainda elevado número de soldados inimigos, o que não impediu a artilharia alemã de desencadear sobre a cidade, naquela noite, cerca de 2.800 tiros.
Na manhã do dia 15, ainda debaixo de maciço fogo da artilharia alemã, a tropa brasileira ultimou a limpeza da cidade.
A conquista de Montese repercutiu favoravelmente nos altos escalões e mereceu dos generais americanos os mais efusivos elogios. Essa batalha ficará marcada para sempre na memória dos soldados brasileiros, pelas lições de bravura e competência operacional dos "pracinhas".

(Adaptação do texto de autoria do Cel Iporan Nunes de Oliveira - Revista do Exército Brasileiro)

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