22 de ago. de 2008

O Brasil e a II Guerra

A eclosão da II Guerra Mundial encontrou o Brasil em uma situação incômoda, pois lhe faltavam os meios industriais para manter-se em posição de neutralidade por muito tempo. A necessidade de importar bens manufaturados expunha o Brasil ao conflito, pois sua Marinha Mercante estaria à mercê dos submarinos. Afora isso, suas forças armadas - Exército e Marinha - eram equipadas com material obsoleto e suas tropas, treinadas de forma inadequada para enfrentar um potencial inimigo.
O ano de 1941 viu intensificar-se o conflito, com o ataque alemão à União Soviética, e a entrada dos alemães em combate na África do Norte, em apoio aos italianos, os quais haviam sofrido pesadas derrotas frente às tropas britânicas. Havia um receio, por parte do Governo Brasileiro, de que os alemães montassem ataques aéreos ao Nordeste do país, a partir de Dacar - sob controle do governo colaboracionista francês de Vichy e, portanto, facilmente utilizável pelos alemães se assim o quisessem. Por outro lado, o "Estado Novo" brasileiro era de características marcadamente similares aos governos totalitários europeus; haviam grande colônias de imigrantes alemães e italianos, aqueles mais fervorosos em defender o Nazismo do que os italianos, até mesmo pela sua maior miscigenação com os brasileiros. É verdade, também, que parte do oficialato brasileiro era simpatizante dos alemães, e que o processo de reequipamento das Forças Armadas brasileiras era dependente tanto da Alemanha quanto da Itália, com a aquisição de aviões e canhões alemães e submarinos italianos. Essas situações colocavam o Governo Brasileiro em uma, por assim dizer, encruzilhada, hesitando em tomar partido de um ou de outro lado.
O ataque japonês a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, no entanto, faria o Brasil declarar-se solidário aos Estados Unidos da América sem, no entanto, romper as relações diplomáticas com os países do Eixo. O governo brasileiro sabia que tal ação levaria inevitavelmente ao seu envolvimento direto na guerra. Durante a 3ª Conferência dos Ministros das Relações Exteriores, realizada de 15 a 28 de janeiro de 1942, no Rio de Janeiro, o presidente Vargas fez saber ao governo norte-americano que tal posição só seria adotada pelo Brasil se os E.U.A. fornecessem armas e equipamento mecanizado para reequipar as Forças Armadas brasileiras e se comprometessem na defesa do Brasil, caso fosse necessário. Além disso, era necessário, sob orientação do Ministro da Guerra, salvaguardar as relações com a Argentina, de forma a se evitar de qualquer forma uma confrontação com aquele país; para tanto, a declaração conjunta dos ministros ao fim da conferência deveria ser tal que a Argentina pudesse apoiá-la. Com o comprometimento norte-americano às necessidades de defesa impostas pelo Brasil, em 28 de janeiro foram rompidas as relações diplomáticas com os países do Eixo.
O comprometimento definitivo do Brasil à causa aliada trouxe a presença de tropas norte-americanas ao Norte e Nordeste do país, bem como o envio de material militar, inicialmente aeronaves de combate, a fim de auxiliar na patrulha anti-submarino, proteção de comboios e, eventualmente, proteger contra um ataque alemão.
Navios brasileiros afundados
Submarinos do Eixo envolvidos
Com o rompimento das relações diplomáticas, o Eixo passou a atacar navios mercantes brasileiros. A 16 de fevereiro de 1942, foi afundado pelo submarino alemão U-432 o "Buarque", na costa leste dos E.U.A., com 1 baixa; entre 19 e 25 de fevereiro, o mercante "Cabedello" foi afundado ao largo da costa leste dos E.U.A. por um submarino italiano ("Da Vinci" ou "Capellini"); em agosto, os ataques atingiram o seu ápice, com o afundamento, em cinco dias, de seis navios brasileiros, todos ao largo da costa brasileira e efetuados pelo submarino alemão U-507. Esses ataques, os quais causaram a morte de 607 passageiros e tripulantes, causaram um grande clamor entre a população, inclusive com ataques a cidadãos alemães e suas propriedades. O Governo viu-se forçado a declarar guerra ao Eixo, a 22 de agosto. Uma das primeiras medidas tomadas foi a intervenção nas empresas alemãs e italianas então em funcionamento no Brasil, como meio de reparação aos danos causados pelos ataques de submarinos daqueles países à navegação mercante brasileira.
A Aviação de Patrulha da FAB na IIª Guerra
Já mesmo antes de entrar em guerra, a Marinha de Guerra e a Força Aérea Brasileira vinham efetuando missões de patrulha marítima. A partir de 1942, chegaram ao Brasil as primeiras aeronaves transferidas pelos E.U.A. através do Acordo "Lend-Lease" - caças Curtiss P-36A, bombardeiros médios B-25 e aeronaves de ataque Lockheed A-28. Foi um B-25 da FAB, com tripulação mista brasileira e norte-americana, que fez o primeiro ataque a um submarino alemão em águas brasileiras, a 22 de maio de 1942. A 31 de julho de 1943, uma aeronave PBY-5 Catalina afundou o submarino alemão U-199 ao largo do Rio de Janeiro.
A Marinha de Guerra efetuou as primeiras missões de patrulha no Nordeste a partir de 1940, com os navios mineiros "Cananéia", "Camaquã" e "Camocim", baseados em Natal. A partir de 2 janeiro de 1941, a Divisão de Cruzadores, composta pelo cruzador "Rio Grande do Sul" e os navios mineiros "Cabedelo", "Caravelas" e "Cananéia", foi sediada na Base Naval do Recife, a fim de patrulhar o litoral, usando também as bases navais de Natal, Salvador e o porto de Maceió. Em outubro de 1942, foi criada a Força Naval do Nordeste, composta pelo cruzador "Bahia" e os navios mineiros "Carioca", "Gurupi" e "Guaporé" e por navios que já operavam na região (com exceção do "Camocim").
A partir de 1942, com o recebimento de 16 navios caça-submarinos e 8 contra-torpedeiros norte-americanos, sob o Acordo "Lend-Lease", bem como a construção de belonaves nos estaleiros brasileiros (incluindo 9 contra-torpedeiros, 12 corvetas e 16 caça-submarinos), a Marinha contava com 98 diferentes tipos de navios, 69 dos quais eram modernos; os restantes haviam sido modernizados e adequados às missões de guerra.
A partir de 1943, estabeleceu-se um comando unificado na Área Oeste do Atlântico Centro-Meridional, sob as ordens do Vice-Almirante Jonas Howard Ingram, comandante da 4ª Esquadra da Marinha dos E.U.A. A Força Naval do Nordeste, bem como as unidades da FAB localizadas na região, foram colocadas sob seu comando.
A Marinha realizou 195 escoltas a comboios e participou de 251 escoltas a comboios juntamente com navios da Marinha dos E.U.A. O número de navios escoltados totalizou 1.396 navios brasileiros e 1.505 de outras nacionalidades. A Marinha perdeu mais de 500 homens em suas missões durante a guerra.
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